Olá! Sei que já não escrevo um artigo há muito tempo, mas estive ocupado em investigações e com o tratamento dos meus pacientes. Mas não tenho estado parado. Continuo a investigar e a desenvolver o meu entendimento sobre a condição humana e causas do sofrimento humano, e como nos podemos auto-curar e curarmo-nos mutuamente. Os resultados da minha terapia continuam a ser estrondosos e revolucionários.
Mas hoje quero falar de algo diferente. Algo que eu acho ser bem útil para o potencial leitor. Algo que, tenho vindo a descobrir, parece estar no cerne do nosso sofrimento humano, e que é pouco conhecido ou reconhecido pois, ou nos passa despercebido, ou é considerado secundário, ou não é bem articulado. E no entanto, estou convencido, está no cerne daquilo que nos faz sofrer: fisica, emocional e psicologicamente. E (talvez não consiga dizer tudo num só artigo!) não só quero explicar o que é este factor e como funciona, como explicar também o que podemos fazer para nos curarmos nesse sentido. Acho que pode ser uma tremenda mais-valia, e nem que possa ajudar apenas uma pessoa, já vale a pena.
O Amor
Todos queremos – e gostamos – de ser amados. Não me importa quem és (ou foste!): bom ou mau, um durão ou um mole, homem, mulher ou criança, novo ou velho, rico ou pobre, poderoso ou fraco, bonito ou feio… Todos, absolutamente todos, gostamos de ser amados. E não só gostamos como precisamos de sentir esse Amor – se não dos outros, de nós mesmos ou de outra Fonte qualquer. Ele é, aliás, necessário para a nossa sobrevivência.
Mas como assim? Como pode o amor ser necessário para a nossa sobrevivência? Afinal é bom ser amado, mas parece-me que podemos pelo menos sobreviver sem ele, não? Se calhar vivemos pior, um pouco mais tristes por exemplo, mas sobrevivemos…não? Porque digo que o Amor é crucial, não só para o nosso bem-estar e qualidade de vida, como para a nossa mera sobrevivência também (e não é devidamente reconhecido como tal)?
A Teoria do Apego (de John Bowlby e Mary Ainsworth) – ou A Teoria do Sentido de Segurança
O brilhante psicólogo britânico John Bowlby (já falecido) foi, a meu ver, um grande contribuinte na área da Psicologia. Ele foi o primeiro a reconhecer (e a trazer à luz da sociedade) o que deveria ser óbvio, nomeadamente que bebés e crianças NECESSITAM do afecto das suas mães (ou uma figura que possa ser como uma mãe), de se sentirem seguros na sua relação com elas, para crescerem saudáveis e serem mais fortes e resilientes em adultos. Ele entendeu que era assim em animais sociais e também nas crianças que estudou, e viu isso na sua própria vida também. Até Bowlby colocar uma luz sobre o assunto, era bastante comum criarem-se bebés e crianças longe dos seus pais, em instituições por exemplo (quantas crianças têm traumas de serem deixadas em colégios internos desde muito novas por exemplo…), e havia até teorias, muito populares e amplamente aplicadas na sociedade, de que as crianças até crescem mais fortes e saudáveis se não forem mimadas, se não receberem o afecto emocional, ou até o toque (“excessivo”) de seus pais (já agora, o tema do fundamental que é o toque para um bom crescimento em animais e no homem é fascinante em si mesmo, mas terá que ficar para uma outra vez…). Quantos clientes já se queixaram a mim da falta de afecto de um pai ou mãe…e estamos a falar de adultos, totalmente independentes socialmente agora, e que muitas vezes já não têm os pais presentes…
Bowlby desenvolveu assim a sua Attachment Theory (Teoria do Apego), descrevendo como uma criança precisa de uma relação de segurança com a sua mãe – e no seu ambiente familiar – para se sentir segura, e assim desenvolver-se feliz, forte e saudável. Crianças que tinham este padrão mostravam-se mais calmas, seguras de si mesmas, e por isso mais afáveis, independentes, e sem medo de explorar o ambiente que as rodeava, criando laços mais facilmente com outros adultos ou crianças.
Por outro lado, crianças que cresceram (desde bebés, pois estes padrões ficam commumente estabelecidos antes dos dois anos de idade) com um sensação de insegurança, de que não podiam confiar nos seus progenitores, ou de que as suas necessidades não eram satisfeitas (não eram “vistos” digamos assim, ou pelo menos não de forma satisfatória que os acalmasse e lhes desse segurança), tornavam-se inseguras nos seus comportamentos, podendo por exemplo mostrar muito protesto (choravam mais facilmente e eram mais difíceis de acalmar) ou mostravam mais medo ou relutância em explorar o ambiente que os rodeava, ou eram mais “metidos para dentro”, “fechados”, menos expansivos nas suas relações com as pessoas que os rodeavam, aparentemente mais “frios e independentes”, etc.
Testando a Teoria
A teoria e as ideias de Bowlby foram depois mais desenvolvidas e estudadas pela sua pupila Mary Ainsworth que, entre outras coisas, desenhou uma forma de ver e de testar estas diferentes formas de apego – funcionais ou disfuncionais – em laboratório com os bebés e as suas mães. Ela chamou a essa experiência a Strange Situation Experiment (Experiência da Situação Estranha). Neste teste, bebés de cerca de 1 ano de idade e suas progenitoras entravam e permaneciam numa sala cómoda mas estranha para ambos, com brinquedos para a criança interagir no meio do chão. Uma sala confortável, mas de qualquer forma estranha para o bebé (não era a sua casa).
Nesta experiência, depois de uns momentos para a criança se acomodar ao novo ambiente e se sentir confortável (brincando com os brinquedos, etc.) a mãe sai por uns breves momentos da sala, deixando o bebé para trás. Claro que, sendo um bebé saudável, essa criança começava a chorar com o afastamento e desaparecimento da mãe, tentando ir atrás dela, para não a deixar sair, e permaneciam a chorar até ela voltar. Quando ela voltava momentos depois, os investigadores notaram de facto padrões interessantes, e conseguiam dividir as crianças em dois grandes grupos: aquelas que tinham uma ligação segura com a mãe, e aquelas que tinham uma ligação insegura. Se um bebé tinha uma relação de segurança, mal a mãe volte e pegue nele ao colo, começando a consolá-lo, ele rapidamente acalma e sente-se seguro de novo, voltando gradualmente a sentir-se confortável no ambiente circundante, brincando com so brinquedos etc.
Quando uma criança tem uma relação insegura com a mãe, quando ela volta, a reunião não corre da mesma maneira. Dependendo do estilo de relação insegura que a criança tenha, ela pode continuar a chorar e a protestar com a mãe por a ter abandonado, não parando de chorar e resistindo a qualquer tentativa de consolo (de estas crinaças diz-se que têm um anxious attachment style, ou relação ansiosa com a figura protectora), ou então mostravam-se aparentemente indiferentes e frias com a saída e retorno da mãe, aparentemente independentes e não-afectadas, mas na verdade igualmente feridas e inseguras na sua relação com a figura que é suposto significar protecção para elas (destas crianças diz-se que têm um avoidant attachment style, ou um estilo de apego distante ou desapegado) – ver vídeo abaixo para se ver estas diferentes reacções:
Como se pode ver no video, as reacoes sao claras, viscerais, fortes e automáticas (i.e. biológicas), em qualquer dos casos apresentados (seguro, ansioso ou aparentemente indiferente). Como acontecem em crianças tão pequeninas, que ainda nem têm um sentido de ego desenvolvido, e são pré-verbais, é sinal claro que são mecanismos (fortes) que nascem connosco, e por isso automátios e relacionados com a nossa sobrevivência (como iremos eventualmente explorar, isto faz sentido e é fácil de entender também, nomeadamente dado o facto de que o ser humano, em relação aos outros primatas e mamíferos, nasce extremamente prematuro, e assim está completamente dependente dos seus progenitores para sobreviver e crescer até se tornar independente e poder segurar-se por si mesmo, só anos depois).
A Teoria do Apego descreve, um súmula, como é importante para a sobrevivência e o bem estar do ser humano (e de outros primatas e mamíferos já agora) a sensação de segurança para com os seus criadores, e mais tarde, por extensão, com todas as pessoas que o rodeiam nas suas vidas – a começar pelas suas relações mais íntimas (já agora recordemos como animais como os patos ou gansos “imprimem” como figura maternal a primeira criatura que vêem – como por exemplo uma pessoa – mesmo não sendo claramente a mãe, demonstrando também o poder da necessidade de apego com uma figura progenitora para a sobrevivência, para os animais crescerem saudáveis).
A Necessidade de Segurança Para o Nosso Bem-Estar
A minha tese (informado por ter tratado imensas pessoas com estas aparentes – mas claras – “feridas de apego” desde crianças, ou inflingidas mais tarde na vida, e pelo meu conhecimento de outras áreas da biologia e da origem do sofrimento) é a de que estes padrões, que podem parecer inofensivos ou inconsequenciais, têm repercussões profundas na nossa saúde (sim, física também), escolhas de vida, relações, estado emocional futuro, e qualidade de vida e de relação com outras pessoas (nomeadamente íntimas). Aquilo que eu chamo o nosso “Sistema de Apego”, presente no nosso corpo (o mesmo sistema que fez a criança ter estas reações espontâneas – que se vêem no vídeo -, e que está imprimido e ativo em todos nós durante toda a nossa vida) é o responsável pela ativação das emoções, ideias, disposições e estados emocionais, e sintomas físicos, emocionais ou psicológicos que nos fazem sofrer – cada vez que nos sentimos inseguros, ou “sem um chão debaixo dos pés”. Sim, estou precisamente a postular que todos os sintomas de que nos possamos estar a queixar neste moemnto são em enorme medida fruto da activação (geralmente subconscinete) deste sistema forte de apego ou de sentido de segurança (um “sistema de alarme” se quisermos), que está, de alguma forma, activado/inflamado, a “queixar-se” de que se está a sentir inseguro. Curando essa insegurança e acalmando esse sistema – algo que, surpreendentemente, já agora, é conseguido com uma extrema boa eficácia e de forma totalmente inovadora com a minha terapia energética – os sintomas acalmam naturalmente – o “fogo” é acalmado, e os sintomas, que são inflamações ou reacções de insegurança, desaparecem naturalmente. É fantástico, simples, e faz sentido…então porque não é mais aceite e posto em prática na nossa sociedade? Porque não começamos a curar já as pessoas, e a curar efectivamente, e de forma definitiva e profunda, os seus sintomas acalmando os seus sistemas de alarme e, já que estamos nisso, criamos uam sociendade em que as crinaças crescem já praticamente todas de uma forma segura e assim fortes e resilientes para a vida?
Bom, estas (e outras) perguntas são interessantes, e vou querer respondê-las, mas não vou puder falar de tudo ainda neste primeiro artigo. Ele fica pra já como introdução que espero continuar. Serve para começar a pôr a pensar: de onde de facto vêem as minahs dores? Porque durmo mal? Porque me preocupo e não me deixam certos pensamentos? Etc., etc. A partir daqui iremos explorar como é que este sentido de insegurança – aparentemente tão “insignificante” e inconsequencial (normadamente para a mente “racional” adulta) – pode ter um impacto tão enorme no nosso bem-estar e qualidade de vida – física, emocional e psiquica. E iremos explorar principalmente, claro, o que geralmente todos queremos mesmo saber (e que me levou tantos anos a começar a entender!): como podemos, até por nós próprios como forma de auto-ajuda ou auto-cura, curar estas ativações dos nossos sistemas de alarme para podermos ter uma vida mais plena, satisfatória, agradável e livre, o mais possível, de sintomas. Iremos explorar isso nos próximos artigos, pois existe muito a dizer sobre tudo isto.
2 comentários a “A Teoria do Apego e o Nosso Sistema de Alarme – Parte I – Introdução”
Muito bom! Fico expectante por novas publicações, todos precisamos curar as nossas “feridas”, por vezes desconhecidas por nós próprios .
Muito obrigado! Isso incentiva-me a escrever e educar mais. Grato pelo seu comentário.