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Mais Uns Desabafos.

Bem, como já comecei, vou continuar.

Todos os dias, ao longo dos anos, pensei partilhar o que se passava, a cada sessão, no meu consultório: “Tenho que escrever sobre isto chegando a casa! É incrível!”. Mas depois passava-me: a tal vozinha interior que me dizia algo como “oh, não vale a pena, não vais mudar nada”, convencia-me.

Esperava também, talvez naturalmente, que o entusiasmo e fascínio por estes métodos e os resultados obtidos, claramente revolucionários no tratamento da saúde e do bem-estar físico e psicológico das pessoas, crescesse de forma orgânica entre a população, à medida que mais e mais pessoas iam beneficiando deles. Mas não. Como expliquei, e para muita surpresa minha, isso não aconteceu. Muito pelo contrário, existe como que um muro enorme, pesado e invisível, um tabu inconsciente colectivo silencioso sobre tudo o que é “energético” ou “estranho”. Se não fosse tão doloroso para quem faz um trabalho consistente e extraordinário na área, era até fascinante e intrigante de observar este aspecto da psicologia humana. Mas na verdade dói, e por isso quero quebrar este e mais uma série de tabus sobre as “terapias bioenergéticas” e afins.

Status Quo?

O que eu faço acaba por parecer “ameaçar” os mais dispares grupos de pessoas, pois toca fundo na psicologia humana. Por um lado, grande parte da classe médica e de investigação científica que, na sua grande maioria, tende a ignorar e a pôr de lado, logo à partida, tudo o que possa parecer “charlatanice”, mesmo não o sendo, ignorando até os resultados comprováveis que se conseguiram já ao longo dos anos, e que equipas de médicos, exames e tratamentos vários não conseguiram resolver em muitos dos casos que tratei. Entendo o cepticismo mas não o aceito. Isto não serve ninguém e magoa a quem faz um trabalho digno e de excelência há muitos anos. No mínimo observa-se, pergunta-se e investiga-se.

Poderia também pensar-se que pessoas “mais ligadas às energias” e a tudo o que é “alternativo” fossem estar mais abertas e seriam mais aceitadoras do trabalho que faço. Isto também, para surpresa minha, não se verificou no geral. Estas também têm as suas ideias pré-concebidas e, apesar de “alternativas”, o meu trabalho consegue ser ainda mais “alternativo”, o que também não encaixa muito bem em muitas das ideias pré-estabelecidas e que nos custa muito abandonar. Existem, claro, pessoas do ramo que muito apreciam e desejam aprender muito mais sobre este método, mas no geral, e incrivelmente, encontro o mesmo tipo de fechamento e cepticismo em relação ao que faço também aqui, tal como encontro no grupo de médicos, e “cientistas” e proclamados intelectuais. A razão é a mesma: não compreendem, passa muito para além dos seus radares, e assim a tendência é de fechamento, ignorar ou desprezo, porque, francamente, é mais fácil. Como ouvi o entrevistador Joe Rogan dizer recentemente: o mais fácil é ser-se céptico, é a forma mais preguiçosa de se olhar para algo pois não exige investigação profunda; não dá trabalho nenhum, e fica-se sempre bem.

Quer Mesmo Ficar Sem Dores?

Incrivelmente, acho  até que é num outro ponto específico onde se encontra talvez o maior obstáculo e o maior paradoxo ao entendimento destes métodos – são até precisamente os resultados formidáveis que muitas vezes se obtém, visíveis a toda a gente, e que geralmente ultrapassam o que é considerado possível ou real no entendimento atual, que mais confunde, afasta e assusta as pessoas! São os próprios resultados, que deveriam de facto falar por si mesmos, e convencer naturalmente as pessoas, fasciná-las e entusiasma-las, que no entanto mais as parecem deixar confusas e céticas!! É ou não é um fenómeno interessante da psicologia humana?

Acredito que isto acontece porque tudo o que passa para além do nosso radar de entendimento, ou não é simplesmente registado, ou assusta porque é desconhecido. Mais vale ignorar.

“Como é que ele trabalha? O que é que ele faz realmente?”, costuma ser a pergunta principal de familiares e amigos feita aos meus pacientes quando eles querem saber mais depois de constatarem claras e óbvias melhorias nos meus pacientes. Quando estes procuram explicar, o melhor que podem (que realmente é difícil pelo pouco que se percebe sobre isto) aos seus ouvintes, eles simplesmente não registam ou não “acreditam” naquela conversa. É bom demais para ser verdade, é “esquisito”, e é portanto melhor fugir do tema. É, como eu disse, bem mais fácil ignorar do que explorar. É triste isto, principalmente para quem pensava que estava a ajudar uma sociedade a crescer e a ser mais feliz. É mesmo como quem podia ter um diamante nas mãos e não o vê simplesmente, perdendo uma oportunidade de ouro.

Mesmo no desaparecimento de uma dor ou de uma ansiedade a um paciente (muitas vezes em 1-2 sessões), é preciso muitas vezes fazê-lo reparar realmente no que aconteceu pois já está a pensar somente na queixa seguinte. “Já reparou no que aconteceu? Já pensou bem nisso?”, tenho que inquirir. Noutras ocasiões ouvi muitas vezes a queixa: “Ai, só queria ficar bem! Não queria mais nada neste mundo! Era a coisa que eu mais queria!”. Mas depois, quando realmente isso acontece e  a resolução do problema/sintoma “que era o que eu mais queria” se dá graças a estes métodos (muitas vezes depois de vários anos de sofrimento!), é como se nada tivesse acontecido em certos casos! As pessoas literalmente até se esquecem das maleitas que tiveram! Quanto mais lembrarem-se como aconteceu a cura… Isto é autêntico e acontece! Talvez por ter sido tão rápida e subtil e invisível simplesmente é como se nunca tivessem estado mal. Nem se lembram. Talvez este aspecto de subtileza até seja o factor mais importante aqui – se nada pareceu acontecer, como posso dar valor a algo sem aparente substância, peso, ou cor?

É ou não é um fenómeno curioso? Por isso é preciso fazê-las notar, senão “o radar” não regista.

Como Abrir os Olhos às Pessoas

Então, como abrir sistematicamente os olhos às pessoas? Eu francamente não contava com esta reação tão negativa (ou melhor, resistente) das pessoas, este tremendo fechamento, e choca-me bastante. Agora estou a chegar à conclusão que só falando, que só desabafando (nem que seja pela minha própria sanidade mental!) eu poderei ter alguma hipótese de chegar às pessoas e de lhes abrir um pouco os olhos e os horizontes. Isto porque elas não vão acordar por si só infelizmente. Vivemos ainda muito dentro de um “casulo” e vemos muito pouco horizonte. Muito pouco mesmo, quando há tanto! Assim, tem que se puxar pela humanidade. É isso que eu espero fazer mais e mais com o resto da energia que me resta.

Ser Como Uma Criança

Outro dia a minha sobrinha de 10 anos veio animadamente ter comigo exclamando toda contente à frente de toda a gente que a podia ouvir: “Tio Helder, tio Helder, já não tenho medo de abelhas! Estás a ouvir? Já não tenho medo de abelhas!!”. “A sério?”, perguntei-lhe eu. “Tens mesmo a certeza?”. “Sim, outro dia tinha uma abelha grande a voar mesmo pertinho de mim e não tive medo nenhum!”. E ela tinha PAVOR a abelhas – apenas falar delas a aterrorizava – quanto mais imaginar ou sentir uma perto dela.

Porque digo isto? Porque foi através de umas sessões com ela, usando as minhas terapias, que a ajudei a acabar com o pavor que tinha de abelhas. Eu, claro, fiquei todo o contente (apesar de ser um resultado comum das minhas terapias), e ainda fico agradavelmente surpreendido com cada um deles.

Porque falo desta reação da minha sobrinha? Porque não encontro geralmente a mesma animação e exclamação de muitos dos meus pacientes adultos, apesar de terem muito boas razões para isso. Isto não quer dizer que não tenham sentido a mesma alegria! Claro que sentiram! E devo ser correcto – a maioria mostra-me de facto a sua profunda gratidão, carinho e consideração por mim e pelo meu trabalho claro! Mas não sai dali… Quantos “milagres” como estes, como dores que desapareceram, traumas, etc. passaram completamente desapercebidos aos olhos do mundo? E, claro, isto é uma grande pena. É uma pena porque assim o mundo não cresce, o ser humano não cresce, a sociedade e a nossa cultura não cresce. Temos potencialidades incríveis inexploradas dentro de nós, mas se continuamos a viver de mesquinhez e de medo (que infelizmente, tenho que admitir, ainda nos domina), se não conseguirmos voltar a sentir a abertura, a inocência e o deslumbre da criança, estamos lixados muito francamente. Vamos continuar a sofrer imenso, e inadvertidamente.

Magia, Magia, Magia!

Existe “magia” no mundo a acontecer a cada minuto e estamos adormecidos a ela. Está na hora de acordar. Eu irei fazer o que as minhas forças me permitirem ainda fazer para dar algumas “sacudidelas” para ver se acordo algumas pessoas pelo menos para ver se deixamos de viver neste entorpecimento de quem sobrevive e não vive verdadeiramente. Sei que não vou mudar o mundo nesta minha vida terrena (apesar de o conhecimento que tenho o poderia fazer se as pessoas estivessem abertas a ele), mas vou pelo menos tentar tocar o máximo numero de pessoas possível e deixar algum toque dessa magia.

Porque infelizmente já percebi uma coisa: pensei que bastava o “toque terapêutico”, o retirar de dores e traumas da forma surpreendente como acontece com esta forma de fazer as coisas, para acordar as pessoas, mas não é suficiente não. Isto aprendi, com muito sacrifício, ao longo de 10 anos já. Por isso decidi, desde já e para começar, converter as minhas sessões terapêuticas em MUITO MAIS do que uma mera terapia. Quero que sejam um espaço de deslumbre, de reflexão, de aprendizagem, em que as dores e os sintomas que vamos aliviando em si mesmos são apenas um ponto de partida, um pretexto ou oportunidade para uma reflexão e um diálogo muito mais profundo, uma oportunidade para uma aprendizagem. Considero isso muito mais importante e muito mais o meu verdadeiro legado do que simplesmente “tirar dores”. As pessoas ficam sem os sintomas na mesma, mas o foco passa a ser em perceberem e pensarem como é que isso aconteceu, e o que é que isso diz sobre elas, sobre nós, os seres humanos em geral, e sobre a nossa evolução e lugar no planeta. Existe algo de muito profundo a acontecer e a aprender com tudo isto, em vez de estarmos permanentemente focados apenas  nas nossas dores e problemas pessoais. Isto também é terapêutico e ajuda-nos a transcender e a crescer para algo muito maior, esquecendo apenas a nossa pequena bolha.

Perdoem-me o desabafo, mas preciso disto. Tenho muito a dizer. Espero que continuem a querer ouvir-me. Eu continuarei a falar. Obrigado.

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