Acho que pouca gente fala de um aspecto muito importante neste assunto dos incêndios, preocupadas em culpar este ou aquele governo ou responsável: as mudanças climáticas brutais que estão a acontecer. Essas não vão parar (pois o nosso estilo de vida não vai parar) e só podemos esperar um agravamento de fenómenos extremos de fogos, inundações, secas, tempestades, etc. como estas. Nem que parássemos de repente toda a atividade poluidora e destabilizadora no planeta (nada de aviões, barcos, carros, e até internet ou eletricidade!) ainda seriam umas décadas para a Terra restabelecer a sua homeostase. Estes incêndios eram praticamente inevitáveis, fosse que governo e proteção estivesse a postos, e isto é algo que não gostamos de sentir. Poderiam ser minimizados os danos talvez sim, mas continuaria a ser um horror. Havia um furacão nos Açores, uma massa de ar tremendamente quente, seco e elétrico foi gerada a volta desse furacão, fazendo subir ar quente de África que interagiu com a costa litoral portuguesa gerando o calor seco, elétrico e ventoso que se fez sentir, nada normal para esta altura do ano (temos batido recordes todos os anos, e isto não é sem consequências graves). Os eucaliptos funcionaram como fósforos (uma vegetação autóctone natural teria reduzido a probabilidade de fogo em pelo menos 50%), e quase não era preciso faísca para ele acender. Basta ouvir o relato de pessoas como as em baixo: o fogo “voava como setas”).
Custa-me um pouco ver a miopia da generalidade da população que continua focada no imediato e local e não vê o global, a tendência das coisas, os processos e a ligação entre tudo. O que sentimos hoje em termos globais, todas as catástrofes, é fruto de muitas décadas de um certo desenvolvimento e, tal como um comboio que vai sempre a queimar lenha e a acelerar, já começou a descarrilar e a abanar nos carris. Não esperemos que situações catastróficas e irregulares e anormais como estas sejam passageiras ou únicas. Isto faz parte de um processo que, quem é sensível e perceptivo, vê que ja tem vindo a acelerar e a fermentar ha muito tempo (desde miúdo que sinto isto com bastante clareza, e agora vejo aquilo que dizia a tornar-se realidade nos telejornais e rádios infelizmente). A nossa miopia em termos da interligação das coisas continua a não nos deixar ver o obvio, e assim o homem se torna vitima de algo que não vê, mas para o qual contribui todo os dias. Espero estar errado, mas quando isto começar a afectar a sério a comida e água como já começa então aí sentiremos mais ainda na pele…temos que estar preparados para tudo, e principalmente não estar agarrados a velhas maneiras de pensar, egoístas e míopes. Como eu sempre digo: isto anda tudo muito mais ligado do que pensamos, desde as coisas mais íntimas que pensamos e sentimos, às consequências mais macroscópicas que presenciamos. Nada é por acaso, nada é desperdiçado, e tudo é causa e consequência de tudo o resto. Estejamos em Paz e em Aceitação de tudo, pois isto vai ser muito preciso…estejamos de bem connosco mesmos principalmente! E com o Mundo!
Tranquiliza-me a ideia de que há sempre uma razão maior para tudo isto, e sabermos aceitar e “surfar” esta onda maior que nos leva (quer queiramos quer não) é um grande bem. Na verdade, não temos outra hipótese:)