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A “Estupidez” dos Animais

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(imagem: Francis C. Franklin)

Você sabia que um pássaro macho pode cortejar uma fêmea falsa e estática da mesma espécie (um boneco)? Que ele pode ainda atacar ferozmente um punhado de penas de um macho inimigo sem qualquer inimigo estar por perto, mas não atacar uma réplica do inimigo se este não tiver essas penas específicas? Sabia ainda que este pássaro pode ser enganado a aceitar uma espécie totalmente estranha no seu ninho (um cuco) e alimentá-lo como se fosse seu próprio filho? 

Sim, os animais fazem isto e muito mais. Eles respondem a programas internos – quando eu vejo/ouço isto -> faço aquilo. Certamente nós os seres humanos somos mais inteligentes … ou seremos?…



Vamos dar um exemplo ilustrativo de comportamento animal automatizado. As mães peruas são boas mães, cuidando do seu bando de progenitores com carinho, atenção e dedicação. No entanto, há algo de estranho que os cientistas descobriram: o estímulo que parece desencadear todo o instinto maternal da mãe é a vocalização específica das suas crias, um som tipo “chip-chip”. Outras características potencialmente identificadores como o cheiro das crias ou a sua aparência visual não parecem ter um papel tão relevante como o som que elas fazem.

Este facto ficou demonstrado de forma dramática por um conjunto de experiências descritas por Fox (1974) . Quando posta frente a frente com uma doninha-fedorenta embalsamada, a mãe perua reage a ela como o predador natural das suas crias que é – ou seja, ataca ferozmente o bicho morto como se fosse um inimigo real e perigoso.  No entanto, quando a doninha embalsamada leva dentro de si um altifalante que reproduz a gravação do som das suas crias (o tal “chip-chip”), não só esta não é atacada como antes, mas é até acarinhada e aceite como uma cria sua, aconchegando-a debaixo de si! Se a emissão de som é desligada de repente então de novo a perua reage violentamente ao animal embalsamado.

A programação interna dos animais é aqui evidente: não só mostra que eles podem reagir a estímulos específicos de forma radical e programada, mas também mostra como certos estímulos são mais fortes como activadores (ou “gatilhos”) de respostas internas do que outros. Esta programação interna diz o significado que cada coisa tem para o animal, e determina assim a reacção que ela terá automaticamente. Neste caso, “chip-chip” quer dizer “cria”, e há que amamentar e cuidar da cria. A perua actua como um autómato, uma “vítima” do seu condicionamento interno.

Podemos pensar que somos diferentes, que somos animais mais “espertos”. Mas seremos mesmos? As evidências vão claramente contra esta ideia. Apesar de estarmos normalmente cegos a este facto somos muitas vezes tão “estúpidos” quanto estes animais na nossa reacção automatizada a estímulos específicos. Reagimos automaticamente, sem saber muito bem como nem porquê.

Basta dar um exemplo simples: imagens em duas dimensões numa revista ou num ecrã despoletam em nós reacções emocionais reais como se de facto estivéssemos na presença da situação ou objecto real, não dum símbolo. Mulheres e homens bonitos, crianças, animaizinhos queridos, paisagens paradisíacas, jogos ou notícias de futebol, filmes de terror, notícias no telejornal – a tudo isto reagimos emocionalmente e de forma visceral. Muitas destas imagens são usadas em conjunto com marcas em publicidade, pois o objectivo é que associemos as sensações que temos ao ver estas imagens com a marca em questão.

Não é por acaso que se gastam milhões de euros em publicidade. No nosso subconsciente ficam gravadas imagens e sensações, às quais reagimos sem nos darmos conta. O mentalista e entretainer Derren Brown demonstra isto em muitas das suas experiências.  Por exemplo, neste video uma pessoa é condicionada a pensar numa música específica quando lhe são dados, subconscientemente, estímulos específicos durante o dia. Quantas vezes temos uma “música na cabeça” só porque a ouvimos subliminarmente em qualquer lugar e já nem nos lembramos? Ainda outro dia acordei assim com uma música, aparentemente surgida “do nada”. Pensando bem no assunto descobri que a tinha ouvido por acaso no rádio do carro alguns dias antes! E nem sequer era uma canção de que eu gostava particularmente! (se isto vos acontece muito comentem em baixo).

As Terapias Bioenergéticas Informacionais (TBI) trabalham com este facto inegável do ser humano, o de que armazenamos e respondemos a imagens e sensações (programas e significados internos) que vamos acumulando ao longo da nossa vida sem nos darmos conta. Traumas são um exemplo destas representações internas, em que ficam gravadas cenas e sensações específicas, com significados específicos, que despoletam uma reacção em nós mal nos lembramos delas. Ou que despoletam essas reacções quando estamos perante uma situação que, consciente ou inconscientemente, nos faz recordar a situação original. 

Tudo isto, felizmente, pode ser desprogramado. Podemos aprender a não reagir aos mesmos estímulos da forma automática de sempre, uma forma que tantas vezes nos causa desconforto e problemas nas nossas vidas. Somos livres quando estamos livres de condicionamentos, e os condicionamentos são as respostas automáticas que parecem estar fora do nosso controlo. Devido a estes “gatilhos” desenvolvemos tensões que nos levam a sintomas e a doenças. 

As TBI são técnicas eficazes de neutralização destas respostas automáticas em nós. Quando o corpo está livre destes condicionamentos tem todos os seus recursos energéticos e psíquicos disponíveis, e por isso se cura automaticamente. É a nova tecnologia do bem-estar no ser humano. Ao longo de uma série de artigos iremos explorar em mais detalhe os vários aspectos da TBI. 

Até lá, permaneçam lúcidos!

Referências:
Fox, M. W. (1974). Concepts in Ethology: Animal and Human Behaviour. Minneapolis: University of Minnesota Press.

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